Chegou a minhas mãos um email de um grupo do qual faço parte.e qual foi a minha surpresa que é justamente sobre um assunto que venho lendo com frequência.
Vegetais verdes curam o câncer?
Vegetais de folhas verdes escuras
como couve, chicória, alface, brócolis, couve-flor espinafre e acelga
são ótimas fontes de nutrientes como folato, vitaminas e minerais,
fibras, flavonóides e uma série de carotenóides, substâncias químicas
que formam pigmentos difundidos no reino vegetal, como a luteína e
zeaxantina.
Estes compostos podem bloquear
enzimas que ativam substâncias cancerígenas e promover um melhor
funcionamento mitocondrial das células do corpo. Os fitoquímicos
antioxidantes nestes vegetais verdes escuros ajudam a prevenir e reparar
danos no DNA que podem levar a proliferação de células tumorais.
O Instituto Americano de Pesquisa do
Câncer promove o consumo amplo destes vegetais crucíferos. Em seu
relatório chamado “Alimentação, Nutrição, Atividade Física e Prevenção
do Câncer: Uma Perspectiva Global”, alimentos contendo carotenóides,
provavelmente protegem contra o câncer na boca, faringe e laringe.
Um estudo Chinês apresentado no
encontro anual para a Associação Americana de Pesquisa do Câncer em
2012, acompanhou 5 mil mulheres ao longo de 5 anos e constatou que as
mulheres
que reportaram um consumo de vegetais verdes chineses frequentemente
tiveram um índice de morte geral e por câncer de mama reduzido, com
relação as mulheres que reportaram não consumi-los ou em quantidades
baixas e infrequentes.
Conforme
o consumo destes vegetais verdes, incluindo repolho, aumenta, foi
calculado que as chances de morrer de câncer de mama reduziram entre 22
por cento e 62 por cento e por causas de morte total entre 27 por cento e
62 por cento. Além disso, os dados do estudo indicam que durante
os 3 anos seguintes ao diagnóstico de câncer de mama, quanto mais
regular foi o consumo de vegetais verdes escuros, menor foi o número de
mortes pela doença. Durante o período do estudo, das 3 mil mulheres, 587
morreram, sendo 496 de câncer de mama. Bom incentivo para começar a comer de uma vez por todas os vegetais verdes? Sim, mas vamos por partes.
Em uma meta-análise de 1996 Dorette
T. e sua equipe fizeram uma análise sistemática de estudos
epidemiológicos sobre a relação entre o consumo de vegetais verdes e
certos tipos de câncer. Foram 7 estudos de coorte e 87 estudos de caso.
Houve
associação inversa entre o consumo de brócolis, couve flor e repolho no
risco de câncer de pulmão nos estudos de caso. Também o risco de câncer
de estômago e de segundo câncer primário – aquele relacionado a
outro câncer pré-existente mas que cresceu de maneira independente, não
como resultado – foi diminuído com o consumo de vegetais verdes da
família de vegetais Brassica nos estudos de coorte e
houve redução da mortalidade total de câncer com o consumo de brócolis.
Em estudos de caso, os participantes não são selecionados
aleatoriamente, mas são observados para que os pesquisadores analisem as
consequências dos fatores de exposição.
No caso, uma proporção
menor de indivíduos consumindo vegetais verdes escuros desenvolveram
câncer com relação aos indivíduos que reportaram um consumo menos
frequente ou inexistente. Este é um resultado muito consistente
nos estudos de caso, com 67% deles demonstrando o suposto efeito
protetor desta família de vegetais.
No caso do repolho e da couve flor esta associação inversa foi ainda
mais preponderante, com 70% dos estudos de caso constando-a para o
repolho e 67% para a couve flor.
Nesta meta-análise a
associação foi mais consistente com o câncer de pulmão, cólon, colo
retal e estômago e menos relacionada com o câncer de próstata, do ovário
e endometrial.Os autores do estudo concluíram que o consumo
destes alimentos estão associados a redução da mortalidade por câncer,
no entanto, eles não mostram conclusivamente que a hipótese é totalmente
valida, uma vez que estudos de caso são observacionais de natureza e
portanto não estão livres de fatores de conflito e não proporcionam o
mesmo nível de evidência que ensaios controlados e randomizados.
No câncer de cólon,
especificamente, este estudo mais recente publicado em 2014 reforça esta
ligação. Nesta meta-análise trinta e três artigos científicos foram
inclusos, sendo 8 estudos sobre os vegetais crucíferos e 8 estudos sobre o polimorfismo individual que é responsável, em uma parcela da população, pelo uso dos genes GSTM1 ou GSTT1 na degradação de um composto quimioprotetor destes vegetais, através de enzimas chamadas GST (Glutationa S- Transferase), enzimas com um papel importante na desintoxicação celular de diversos tecidos do corpo.
Há
diferenças na capacidade individual de metabolizar e eliminar este
composto dos vegetais verdes chamado glucosinolato, sendo que a hipótese
dos pesquisadores é que indivíduos com os genes GSTM1 ou GSTT1 demoram
mais para excretar este composto, pois há uma degradação mais
lenta feita a partir da enzima GST, podendo assim proporcionar um maior
efeito protetor nestes indivíduos. O gene GSTM1 não está presente em
aproximadamente metade da população.
O estudo também destaca a importância
dos fitoquímicos do brócolis, que induziram a fase 2 de desintoxicação
das enzimas em diversos mamíferos e em desencadear o efeito antioxidante
dentro das células do corpo.
Diversos dos estudos
epidemiológicos desta meta-análise analisaram o consumo de diversos
tipos de vegetais crucíferos, sendo brócolis, repolho e couve de
bruxelas os mais examinados. Curiosamente, brócolis em particular demonstrou uma associação inversa mais significativa no câncer de cólon.
Como consequência destes resultados mais expressivos para o brócolis,
os pesquisadores levantaram esta hipótese para este achado, o alto teor
de glucosinolatos do brócolis, compostos
com sabor forte para o paladar, típico de condimentos picantes
encontrados em vegetais. A hipótese suporta o efeito protetor de este
químico chamado glucosinolato e também de outros fitoquímicos no
brócolis especificamente, que a propósito, é mais abundante no broto de
brócolis, em oposição ao brócolis adulto ao serem analisados em uma
série de exames laboratoriais.
Consumo total de vegetais verdes escuros e o risco de neoplasma no cólon.
Estudos epidemiológicos, em geral,
fornecem associações baixas, mas estatisticamente significantes para o
consumo de vegetais crucíferos e a redução da mortalidade por câncer de
cólon.
No caso desta meta-análise de 2014 a correlação inversa foi estatisticamente positiva apenas para o câncer de cólon, enquanto a revisão sistemática de 1996 foi relacionado fortemente ao câncer gastrointestinal e de pulmão.
A conclusão do estudo foi:
Conclusion
In this systematic review and
meta-analysis, intake of cruciferous vegetable is inversely associated
with colon cancer risk. The consumption of broccoli in particular is
demonstrated to be positively correlated with protection against
colorectal neoplasm development. There is a positive correlation between
GST polymorphism and the capacity of cruciferous vegetables to exhibit
chemoprotective properties, in which the
GSTT1 null
genotype confers a reduction colorectal neoplasm development risk.
Future epidemiological studies should use food databases or urinary ITC
levels as methods for more accurate cruciferae intake measurements.
Individual cruciferae types and preparation methods should be considered
during analysis. More research on alternative gene polymorphisms would
also be helpful in studying gene–diet interactions with cruciferous
vegetables.
“Em português:
Nesta revisão sistemática e meta-
análise, a ingestão de vegetais crucíferos é inversamente associada com o
risco de câncer de cólon.
O
consumo de brócolis, em particular, é demonstrado estar correlacionado
positivamente com a proteção contra o desenvolvimento neoplasia
colorretal. Há uma correlação positiva entre o polimorfismo GST e
a capacidade de vegetais crucíferos em exibir propriedades
quimioprotetoras, no qual o genótipo nulo GSTT1 confere uma redução no
risco de desenvolvimento de neoplasia colorretal. Estudos
epidemiológicos futuros devem utilizar bases de dados de alimentos ou
níveis de ITC urinários como métodos mais precisos para a medição da
ingestão de vegetais verdes. Tipos de vegetais crucíferos individuais e
métodos de preparação devem ser considerados durante a análise. Mais
investigação sobre polimorfismos do gene também seria útil no estudo de
interações de genes, na dieta com vegetais crucíferos.”
As
limitações deste tipo de evidência observacional são principalmente os
possíveis erros de mensuração nos questionários fornecidos para
preenchimento dos indivíduos e as variáveis de conflito no ambiente em
que vivem, que podem influenciar bastante os resultados e tornam
eles em sí, sem o suporte de ensaios clínicos e randomizados, de baixa
significância estatística.
Vale salientar que comer vegetais verdes imersos em óleos de sementes processados
não é a melhor forma de consumi-los, pode valer mais a pena utilizar um
óleo natural não rançoso e alterado quimicamente, como o primeiro.
Faz muito mais sentido e pode adicionar outras boas propriedades na
refeição e melhorar a absorção de vitaminas lipossolúveis presentes
nestes vegetais.
Para colocar em perspectiva novamente,
estudos clínicos e randomizados são
o maior grau de evidência científica, enquanto estudos observacionais
como estes, a princípio, criam hipóteses, até que sejam de fato testadas
e confirmadas pelos
ensaios clínicos controlados.
No caso dos vegetais verdes, o seu consumo em geral tem gerado
desfechos positivos principalmente em diversos estudos epidemiológicos e
em estudos de caso, e
portanto, ainda assim não é possível fazer nenhuma afirmação conclusiva especialmente a nível individual.
Entretanto, vegetais verdes escuros e de diversos tipos em geral estão
associados também a desfechos positivos na saúde em geral e na perda de
peso, por isso, sua avó provavelmente ainda está certa em repetir
diversas vezes para você comer uma salada caprichada antes das
refeições.
fonte:http://primalbrasil.com.br/vegetais-verdes-curam-o-cancer/